Eu não quero parecer jovem para sempre, e você também não deveria ter esse objetivo
As mulheres da geração X estão ressignificando o envelhecimento. E se formos espertas, podemos aprender muito com elas.
Domingo à tarde, enquanto eu pulava do feed do Instagram para a FY do Tiktok pela milésima vez, fui pega por um vídeo da Vanessa Rozan com a Paolla Carosella que me deu um estalo: todas as mulheres com quem eu gostaria de parecer são 40+, 50+ ou 60+.
Tá, e daí? O que tem de relevante nisso?
É simples. Se você vive debaixo de uma pedra e ainda não percebeu, nós, mulheres, somos ensinadas a perseguir a juventude para sempre. Tudo e todo mundo nos diz: você precisa parecer jovem custe o que custar. E isso inclui o jeito de vestir, andar, falar e se relacionar com o mundo.
Sem pensar muito: quantas horas do seu dia e dinheiro do seu salário você gasta ou já não gastou tentando congelar no tempo? O quanto da sua autoestima ainda depende de quão nova e bonita alguém te acha?
É exatamente por isso que desejar ser mais velha, admirar mulheres mais velhas ou incluí-las nas conversas se tornou um ponto fora da curva.
Eu nunca fui uma criança-criança. Meu negócio era ser uma criança-adulta. Então, é óbvio que meu sonho sempre foi crescer, ter as minhas coisinhas, pagar minhas contas (que ingenuidade) e sentar na mesa que essas mulheres ocupam.
Apesar de todas as questões cruéis envolvendo o etarismo, a sobrecarga causada pelo trabalho de cuidado e a precarização da saúde (aqui não vamos ignorar nenhuma delas), eu sinto que elas carregam consigo não só a experiência e a confiança, como também a clareza necessária para tomar boas decisões.
Além, é claro, do poder de consumo e influência que nós, entre 18 e 34 anos, esperávamos ter enquanto jovens.
E não sou eu quem está dizendo isso.
No estudo Adultopia, o grupo Consumoteca descobriu que a geração X está redefinindo a ideia do que é ser adulto e viver o auge da vida. E as mulheres que nasceram entre 1960 e 1980 são as grandes responsáveis por isso.
Agora que já fizeram o que a sociedade esperava, elas se veem livres para recalcular rotas e conseguem olhar para o passado com menos ressentimento do que as outras gerações. Sentem que têm saúde mental estável e energia para experimentar coisas novas, mudar de carreira e realizar muitas conquistas, desmistificando a imagem que nós construímos.
“Essas mulheres lutam por um novo espaço de representação, onde ainda protagonizam histórias, formam opiniões e inspiram, mas sem precisar se render aos códigos de manutenção da juventude.”
Elas encabeçam o movimento que recebeu o nome de Primavera X e foi tema de discussão no CAOScast, podcast comandado por Michel Alcoforado, Thais Farage e Marina Roale. No episódio, eles explicam como essas mulheres chegaram onde estão hoje e refletem sobre seu potencial de contribuição para a economia.
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No final, o que eu quero dizer com tudo isso é que ao enxergar e escutar as mulheres mais velhas, olhando para o futuro que elas estão desenhando, eu e você podemos ter uma perspectiva bem menos assustadora, abusiva e enviesada sobre envelhecimento.
Acho que vale a pena tentar.
ameiii! é isso! eu tenho percebido que esse medo de envelhecer tem sido muito forte na nossa geração. O Instagram e o tiktok pressionam muito as mulheres nesse aspecto, sempre oferecendo "alternativas" para retardar ou disfarçar o envelhecimento, como se envelhecer fosse o fim do mundo.
Acho super válido esse processo de resignificação do envelhecimento.